ActionAid

Como seguir em frente quando sua vida é virada de cabeça para baixo? Joyce, 36, vivia com o marido e os cinco filhos na pequena propriedade rural da família, no leste de Uganda. Além da renda advinda dos alimentos que cultivavam, eles também tinham o complemento de uma casa alugada no centro comercial da cidade.

Tudo mudou repentinamente com a morte de seu marido e, depois, quando seus sogros e outros parentes se apoderaram das propriedades da família. “Eles tomaram tudo, inclusive a terra”, lembra Joyce. Sozinha, enfrentando o luto e com cinco filhos para cuidar, ela mergulhou numa crise profunda. “Eu sentava na frente da casa, descalça, e chorava. Pensei em tirar minha própria vida ou abandonar meus filhos”.

Foi então que um líder local sugeriu que ela procurasse apoio no abrigo para vítimas de violência de gênero da ActionAid em Uganda. Essa visita foi o ponto de virada. Lá, ela passou a integrar o programa da ActionAid “Rooted Resilience”, que não só promovia práticas agroecológicas e capacitava agricultores no campo técnico, como também acolhia e apoiava suas famílias.

O primeiro passo foi marcar reuniões de mediação com a família do marido de Joyce. Sarah Agiro, agente de apoio psicossocial da ActionAid na região, lembra do começo complicado. “A primeira reunião não teve resultado, mas depois de orientarmos sobre os direitos das mulheres — incluindo o direito à terra — eles aceitaram devolver as propriedades”.

De volta à sua terra, Joyce pôde reestruturar sua vida. “Plantei batata e outros alimentos, que alimentam meus filhos. Com o aluguel da casa, pago a escola deles”, conta.

Hoje, a cena é bem diferente: a casa de Joyce é repleta de sorrisos e esperança. Seus filhos irradiam alegria e brincam sem medo do amanhã.

Para Sarah, a transformação na vida de Joyce é motivo de orgulho.

“Quando vejo uma mulher recuperar sua terra, sei que ela poderá combater a fome e a pobreza. As mulheres têm direito à terra e à propriedade. Isso me enche de alegria”.

A história de Joyce é um exemplo de como acesso à justiça e apoio comunitário podem resgatar dignidade e transformar vidas — e de como a agroecologia, ao fortalecer quem cultiva a terra, também pode florescer esperança.