ActionAid

Desculpa o transtorno, mas precisamos mais uma vez falar sobre estupro e cidades seguras para as mulheres.

Em Recife, as duas últimas semanas foram de muito medo para as mulheres. A notícia de um sequestro relâmpago seguido de estupro ocorrido em plena luz do dia em uma das áreas nobres da cidade deixou muitas mulheres com medo. Isso porque, notícias, fotos e boatos sobre outros casos rapidamente tomaram conta de compartilhamentos no facebook, grupos no whatsapp, e outras redes.

Trabalhando na Campanha Cidades Seguras para as Mulheres, desenvolvida pela ActionAid com organizações parceiras, já conversamos muito sobre o medo que as mulheres sentem de transitar nos espaços públicos. A sensação de insegurança é constante! Outra coisa que também aprendi conversando com mulheres de várias comunidades do Brasil é que para muitas, o medo de ser estuprada é maior inclusive do que o da morte.

Mas a melhor coisa que eu aprendi também foi que as próprias mulheres sabem o que é preciso para garantir a sua segurança. Medidas muito simples ajudam garantir o Direito à Cidade delas. A ocupação dos espaços públicos vazios, capinação de terrenos baldios, iluminação pública de qualidade, transporte público de qualidade, tudo isso eu aprendi conversando com as mulheres que estão todos os dias na luta pela sobrevivência nas grandes cidades brasileiras.

Infelizmente, não podemos dizer que nossos gestores públicos aprenderam a mesma coisa. Recentemente, o Governador de Pernambuco, Paulo Câmara,  deu uma declaração sugerindo que as mulheres acatem orientações da polícia militar baseadas em: não sair sozinhas, evitar beber muito, sair sempre em companhia de pessoas de confiança, ou seja, mais propostas que reduzem a liberdade das mulheres de acessar a cidade.

Esse tipo de afirmação incentiva a culpabilização da vítima. Incentiva porque tenta nos convencer que a violência sofrida pelas as mulheres é consequência de algum comportamento que elas possam ter tomado. A gente tem que lembrar que quem causa o estupro é o estuprador e a falta de políticas de permitam as mulheres a ter direito à cidade.

O que parece mesmo é que os gestores ainda não entenderam que as mulheres já ocuparam os espaços públicos, que elas vivem e querem ter liberdade. É por isso que gente quer uma Cidade Segura. Cidades Seguras para as Mulheres é chave para que a gente possa acessar muitos outros direitos.

O lugar de gestor público é ouvindo as mulheres e implementando políticas que garantam o direito à cidade delas. Lugar de mulher, esse, é onde ela quiser!

#cidadessegurasporque